Posição fetal durante a gestação

A posição fetal pode indicar como será o tipo de parto, já que algumas posturas do bebê no ventre materno podem determinar que o nascimento aconteça de maneira mais tranquila, complicada ou que exista a necessidade de fazer uma cesárea.

No Brasil, a taxa de cesarianas por nascimento é muito alta, ultrapassando os 40%, apesar de o recomendado pela OMS ser de que tal taxa não chegue a ultrapassar os 15%. Para que seja tomada a decisão de recorrer a uma cesárea por conta da posição do bebê na barriga, é preciso aguardar o momento do parto, já que essa não é a única solução.

Confira neste artigo quais são as posições fetais, a influência que cada uma apresenta na hora do parto e como fazer para que o bebê assuma uma posição favorável no momento de nascer.

Posição fetal dentro do útero

Durante a gravidez o bebê adota diversas posições no ventre materno, o que ocorre devido ao fato de existir espaço o bastante para que ele possa se movimentar. Porém, com o passar do tempo e com o crescimento do bebê, ele passa a não ser capaz de se movimentar de maneira mais livre, já que o espaço interno vai diminuindo e dificultado a mudança de posição.

porque o bebe fica na posição transversal

No primeiro semestre e em parte do segundo, o feto se movimenta o tempo todo, dando cambalhotas dentro da barriga da mãe, movimentando braços e pernas. Ao alcançar 19 semanas, ele passa a ficar nas posições pélvica, transversal e cefálica e pode permanecer em apenas uma delas até o final da gravidez. Também podem ocorrer trocas constantes de posições até chegar a 28 semanas.

Quando o momento do parto vai se aproximando, o bebê passa a permanecer mais tempo em uma posição. Entre 32 e 38 semanas de gestação, em média 50% dos bebês se viram no útero de modo a ficar de cabeça para baixo, que consiste na posição mais adequada para que seja realizado o parto normal.

Embora a posição em que ele fica com a cabeça para baixo seja a que possibilita um parto normal mais fácil, nem sempre é nessa posição fetal que a criança se coloca. Ao completar 37 semanas de gravidez, cerca de 96% a 98% dos bebês estão virados com a cabeça em direção ao canal vaginal.

Posições do bebê no final da gestação

Ao fim da gravidez, entre os fatores que precisam ser avaliados para que o parto seja mais tranquilo é a posição em que o bebê está na barriga. Identificar a posição fetal nesse momento da gestação influencia como será o tipo do parto a ser realizado, bem como a maneira em que será conduzido o parto e a forma em que o bebê será removido do útero.

Para ajudar a esclarecer, apresentamos informações relacionadas às posições que o feto pode adquirir ao final da gravidez e como cada uma delas tem sua influência no parto:

Posição pélvica

Em geral, a posição pélvica é a mais comum na fase inicial da gestação. Isso ocorre porque o feto ainda é muito pequeno e tem bastante espaço para que possa se mover dentro do líquido amniótico.

posição fetal
(Foto: kidskunst)

Nessa posição o bebê se encontra sentado (com a cabeça para cima), com o bumbum virado na direção do canal de parto. Apesar de o nascimento nessa posição ser mais difícil, pode acontecer de o bebê nascer de parto normal.

Essa posição é também conhecida como “posição sentada” e pode ser dividida em 3 tipos, de acordo com a maneira que o bebê estiver sentado:

  • Apresentação pélvica incompleta, modo de nádegas: uma ou duas pernas do bebê se encontram voltadas para cima, enquanto seus pés ficam na direção da cabeça. Quando as duas pernas estão esticadas, a posição é também conhecida como “cócoras”.
  • Apresentação pélvica incompleta, modo de pés: um ou dois pés do bebê ficam posicionados para a frente, se alinhando à entrada do colo do útero.
  • Apresentação pélvica completa: o bumbum do bebê está voltado para baixo, enquanto as pernas ficam dobradas e as coxas se encostam no peito.

A posição fetal pélvica, apesar de geralmente ser relacionada à necessidade de fazer uma cesárea, permite que o parto seja vaginal. Porém, é necessário que cada caso seja avaliado, pois pode apresentar riscos.

Se o momento do parto estiver se aproximando e o bebê não estiver com a cabeça virada para baixo, ele ainda poderá mudar de posição conforme o momento do nascimento se aproxima. Além disso, a posição pode mudar até mesmo durante o trabalho de parto.

Posição cefálica

Posição em que o bebê fica de cabeça para baixo voltado para o colo do útero e de costas para a mãe. Essa posição fetal acontece a partir de 28 semanas de gestação, sendo ela a mais comum e a mais favorável para que o nascimento ocorra por parto normal, seja qual for o tipo de parto escolhido.


O motivo para esse ser o parto mais fácil é porque a cabeça do bebê passa primeiro pelo canal vaginal ao invés do restante do corpo. Dessa forma, evita-se que aconteça de a criança acabar se enrolando no cordão umbilical.

Posição oblíqua

A posição oblíqua se caracteriza quando o bebê está com a cabeça voltada para baixo e, ao invés de estar virado em direção ao colo do útero, fica na direção da anca da mãe.

Essa posição faz com que o parto vaginal seja dificultado, sendo por isso que alguns médicos recorrem a uma manobra que é conhecida como versão cefálica externa (VCE) com o intuito de virar o bebê para deixá-lo em uma posição que seja mais favorável ao parto.

Posição transversal

Essa posição fetal, também conhecida como “córmicos” (ou seja, de ombros) é apontada quando o bebê se encontra deitado de lado no útero ao invés de estar na vertical.

Quando o bebê assume essa posição, permanece nela até o final da gestação, fazendo com que o espaço não seja o suficiente para a passagem da criança pelo canal vaginal.

Posição transversal
(Foto: CPM Honey Nurhaliza)

A posição transversal é rara, ocorrendo em apenas 0,5% das gestações. Do mesmo modo que na posição oblíqua, o obstetra poderá optar por virar o bebê por meio da versão cefálica externa.

Caso a manobra não tenha resultado satisfatório e a mãe entre em trabalho de parto, é necessário fazer uma cesárea.

Posição fetal de gêmeos

Para que o parto de gêmeos seja mais fácil, o ideal é que ambos estejam com a cabeça virada para baixo. Se for o caso de o bebê mais próximo ao canal vaginal estar com a cabeça voltada para baixo, ele será primeiro a nascer.

Após o nascimento do primeiro gêmeo, a outra criança poderá ser virada de cabeça para baixo ou até mesmo nascer na posição com o bumbum voltado para o canal vaginal da mãe.

Quando acontece de o bebê mais próximo ao canal vaginal ou ambos estiverem em posição sentada, pode ser preciso realizar uma cesárea.

Como saber a posição do feto?

Saber a posição fetal quando o nascimento do bebê está próximo é fundamental para avaliar se há a possibilidade de fazer o parto normal ou se será necessário recorrer a uma cesárea.

Para que seja possível identificar a posição fetal, o médico pode palpar a barriga da mãe, de modo a analisar as partes do corpo do bebê. Já o exame de ultrassom é a maneira mais segura de saber a posição do bebê.

Outra maneira de identificar a posição é ao localizar os batimentos cardíacos do bebê. Se os batimentos mais altos estiverem abaixo do umbigo da mãe, o bebê provavelmente se encontra com a cabeça voltada para baixo. Caso os batimentos altos sejam ouvidos acima do umbigo, ele deve estar com a cabeça para cima.

posição fetal durante a gestação

A própria mãe também pode identificar qual é a posição que o bebê está em seu ventre.  Para isso, é preciso sentir a barriga para que seja possível localizar protuberâncias que estejam mais rígidas. Dessa forma, a mãe pode localizar a cabeça ou então o bumbum da criança ao passar a mão pela barriga.

A mãe deve tentar relaxar e pressionar gentilmente a barriga para baixo enquanto solta o ar. Ao sentir uma massa dura e redonda, o mais provável é que se trate da cabeça do bebê. Se for uma massa mais mole e arredondada, pode ser que seja o bumbum.

Como fazer o bebê ficar de cabeça para baixo?

Algumas dicas e exercícios podem ajudar o bebê a virar e assumir a posição favorável para o parto, ou seja, ficar com a cabeça virada para baixo. Veja a seguir como agir:

Sentar-se ereta

Manter uma postura adequada e manter as costas retas pode ajudar o bebê a se movimentar na barriga. Por conta disso, o mais indicado é que a gestante evite encostos macios demais e que não oferecem um bom suporte para a coluna.

Atividades físicas

A prática de determinadas atividades físicas contribui para deixar os tecidos responsáveis pelo suporte do útero mais frouxos, aumentando o espaço uterino e permitindo que o bebê se movimente com mais facilidade.

Porém, é importante entender que as atividades devem ser feitas apenas com o consentimento do obstetra. Além disso, o mais indicado é que os exercícios recebam a orientação de um profissional e a gestante use roupas confortáveis.

Entre esses exercícios que podem ser realizados pela gestante estão os seguintes:

  • Em um colchão colocado no chão, apoie a cabeça e os braços no chão, de modo que a barriga fique posicionada para baixo. Em seguida, levante o bumbum e mantenha essa posição por alguns segundos. O exercício deve ser repetido por 3 a 4 vezes.
  • Encoste uma cadeira na parede e deite-se em um colchão no chão, que deve ser colocado em frente a ela. Posicione as pernas sobre a cadeira e movimente o quadril para cima. É preciso ficar nessa posição por alguns segundos e, em seguida, o movimento deve ser repetido.
  • Fique em pé com as costas encostadas na parede e relaxe a coluna. Inspire enquanto empurra o fundo das costas rumo à parede. O exercício deve ser repetido diversas vezes e pode ser realizado no decorrer do dia.
  • Outras atividades complementares que podem ser feitas pela gestante são usar a bola de pilates para se sentar, ioga e natação.

Versão cefálica externa

Se o parto estiver próximo e não houver indícios de que o bebê vai assumir a posição de cabeça para baixo por conta própria, é provável que o obstetra faça a versão cefálica externa.

como fazer o bebê ficar de cabeça para baixo
(Foto: Equipe do Dr.Chacón)

Esse procedimento é realizado a partir de 37 semanas de gravidez, com manobras usando a mão. O obstetra pode fazer alguma ação durante o parto ou aguardar até o último momento.

Antes é feita a administração de medicamentos que visam evitar contrações. O obstetra então pressiona a mão sobre a barriga da gestante, levando o bebê a ser induzido a girar.

As chances de sucesso dessa manobra são de 50%, fazendo com que a criança volte naturalmente à posição cefálica. Além disso, não causa sensação de dor na mãe ou no bebê, exceto um pequeno desconforto.

Quando é preciso fazer cesárea?

Ao contrário do que muitos pensam, a posição fetal no momento do parto não consiste no único fator que determina a necessidade de recorrer a uma cesárea.

Entenda a seguir em que situações a cesariana precisa ser feita:

  • O bebê está na posição transversal no momento do parto;
  • Alguns casos quando a gestante apresenta doença cardíaca;
  • Houve um deslocamento prematuro da placenta;
  • A gestante tem pressão alta ou é portadora de HIV;
  • O cordão umbilical aparece primeiro no canal vaginal após o trabalho de parto começar.

quando é preciso fazer cesárea

É fundamental que a gestante converse com o obstetra para que avaliem juntos qual a melhor escolha para o momento do parto, levando em consideração a posição fetal e outros importantes fatores, favorecendo tanto a mãe quanto o bebê.

Referências

revistacrescer.globo.com/Gravidez/Desenvolvimento-do-bebe/noticia/2013/02/posicao-do-bebe-dentro-do-utero.html

soumamae.com.br/a-posicao-do-feto-indica-como-sera-seu-parto/

cordvida.com.br/blog/atitudes-que-ajudam-o-bebe-ficar-na-posicao-certa-para-nascer/

bebe.abril.com.br/gravidez/entenda-as-posicoes-em-que-o-bebe-pode-estar-na-hora-do-parto/

maemequer.pt/estou-gravida/parto/trabalho-de-parto/posicoes-do-bebe-na-barriga/

dicasdemulher.com.br/como-cada-postura-do-bebe-influencia-no-tipo-de-parto/

bebemamae.com/parto/as-posicoes-do-bebe-no-final-da-gestacao-e-como-afetam-o-parto

Avalie esse conteúdo!

Equipe Gestação Bebê

A equipe de redatores do Gestação Bebê é formada por jornalistas e profissionais convidados de diversas áreas, como pediatria e psicologia.

Deixe um comentário