Hidrocefalia em Bebê: sintomas, causas, tratamento

A hidrocefalia consiste em uma doença que afeta cerca de 1 a cada 1000 bebês, sendo ela causada pelo acúmulo de líquido no cérebro. A palavra hidrocefalia vem do grego, onde hidro significa “água” e céfalo “cabeça”.

Essa doença pode levar o bebê a apresentar sintomas mais brandos até consequências mais graves. Por esse motivo, é importante que ela seja descoberta o quanto antes para que seja realizado o tratamento, que ajuda a trazer alívio à criança a longo prazo.

Neste artigo, abordaremos pontos importantes a respeito da hidrocefalia, incluindo as suas causas, tipos e como é feito o tratamento. Por isso, não deixe de seguir com a leitura e entender mais a respeito dessa doença.

O que é hidrocefalia?

A hidrocefalia (que às vezes também é referida como “água no cérebro”) é uma doença provocada pelo excesso de líquido cefalorraquidiano (LCR ou líquor), que fica acumulado nas cavidades ventriculares do cérebro.

Como consequência, pode lesionar os tecidos cerebrais, resultando em um inchaço ou aumento do crânio.

O líquido cefalorraquidiano está presente no cérebro e também na medula espinhal. Ele tem como finalidade proteger o sistema nervoso de possíveis choques ou traumas.

Outras funções que ele desempenha é a de fornecer os nutrientes necessários para o cérebro, remover os resíduos que permanecem nele e compensar as alterações de fluxo sanguíneo que ocorre entre o crânio e a coluna vertebral.

Sua produção é feita pelos ventrículos que estão localizados no crânio, sendo absorvido através da corrente sanguínea. Entretanto, pode ocorrer de os orifícios em que esse líquido circula ficarem obstruídos, não permitindo que esse processo aconteça como deveria.

Como resultado, acaba levando a um desequilíbrio entre a quantidade de fluído produzido e a quantidade que é absorvida.

Outros motivos podem levar a esse desequilíbrio, como a produção em excesso do líquido cefalorraquidiano. Quando o líquido se encontra em uma quantidade elevada, resulta em um aumento de pressão dentro do crânio, comprimindo o cérebro contra o crânio e resultando em sintomas que precisam de tratamento urgente para evitar danos mais sérios.

Essa doença atinge por volta de 1 a 3 bebês a cada 1000 nascidos vivos. Muitas vezes, ela pode ser identificada e até mesmo tratada antes mesmo de o bebê nascer. Isso é possível por meio de ultrassom periódico que é feito durante o pré-natal.

Diagnóstico

O diagnóstico de hidrocefalia pode ser realizado durante a gravidez por meio da ecografia. Também é possível confirmar se há um crescimento anormal do crânio da criança mais velha.

hidrocefalia
(Foto: Terra)

O volume que é considerado normal do líquido no cérebro de bebês fica em torno de 40 a 60 ml, enquanto que, em adultos, a quantidade ideal fica entre 100 a 150 ml. Se o volume for maior do que o indicado, é constatado que se trata de hidrocefalia.

É fundamental que o diagnóstico de hidrocefalia seja feito o mais breve possível para que seja possível prevenir sequelas.

O diagnóstico pode ser feito de várias formas, como é mostrado a seguir:

  • Exame neurológico: o exame é feito por meio de testes simples, que visam realizar a avaliação das condições musculares, sensoriais e de movimento do bebê.
  • Exames de imagem: se houver a suspeita de hidrocefalia, o médico pode solicitar que sejam feitos exames de imagem do cérebro para verificação. Entre eles encontram-se a tomografia computadorizada e ressonância magnética.

Com o diagnóstico da doença, quanto mais precoce for feito, e o tratamento tiver início, menores serão as sequelas causadas pela doença.

Tipos

Há 3 tipos de hidrocefalia, sendo eles classificados de acordo com a sua causa. Os diferentes tipos são:

  • Obstrutiva (não-comunicante): quando existe um bloqueio no sistema ventricular do cérebro, o que impossibilita a circulação correta do líquido cefalorraquiano pelo cérebro medula espinhal.
  • Não-obstrutiva (comunicante): consiste em um caso raro, onde corre um aumento em quantidade excessiva do líquido cefalorraquidiano. Também pode ocorrer uma diminuição na capacidade de absorção do fluído pelos vasos sanguíneos.
  • Pressão normal (comunicante): esse tipo de hidrocefalia afeta pessoas adultas, principalmente idosos, sendo causado por conta de uma doença ou trauma. Em geral, não ocorre o aumento da pressão intracraniana, mesmo quando há uma elevação no líquido cefalorraquidiano. As causas ainda não foram devidamente esclarecidas.

O que causa hidrocefalia?

Os casos de hidrocefalia podem ter uma origem congênita (em que existe antes de o bebê nascer ou ao nascimento) ou adquirida (se desenvolve após o nascimento, causada por traumas ou doenças).

causas hidrocefalia

A hidrocefalia por causa congênita pode estar relacionada a:

Em relação aos casos de hidrocefalia adquirida, entre as causas estão:

  • Infecções (papeira, hepatite, toxoplasmose, poliomielite, etc.);
  • Meningite;
  • Hemorragia intraventricular;
  • Traumatismos;
  • Cistos;
  • Tumores;
  • Estenose do Aqueduto Sylvius.

Fatores de risco

Na maioria das vezes não é possível identificar o que causa exatamente a hidrocefalia. Porém, há inúmeros problemas médicos e no desenvolvimento do bebê que podem ser considerados fatores de risco para a doença.

No caso de recém-nascidos, a hidrocefalia congênita ou a que se manifesta depois de o bebê nascer pode estar relacionada aos seguintes fatores:

  • Desenvolvimento do sistema nervoso central de forma anormal, o que pode resultar em uma obstrução do fluxo do líquido cerebrospinal.
  • Infecções uterinas durante a gestação, como rubéola ou sífilis, o que pode levar a uma infecção nos tecidos cerebrais do bebê no ventre.
  • Sangramento dentro dos ventrículos, causado por complicações no parto.

Outros fatores que podem levar à hidrocefalia:

  • Infecções que atingem o sistema nervoso central, como a caxumba e meningite bacteriana;
  • Lesões ou tumores cerebrais ou na medula espinal;
  • Sangramento no cérebro provocado por um AVC ou por um traumatismo craniano.

Sintomas da hidrocefalia em crianças

A hidrocefalia pode surgir em qualquer pessoa no decorrer da vida, embora cerca de 60% dos casos ocorram durante a infância. Ela pode ser observada mais facilmente em bebês e crianças, já que os ossos de seus crânios ainda não se fecharam completamente.

sintomas da doença

Dessa forma, é possível verificar que há um aumento no tamanho da cabeça. Além disso, a moleira pode aparentar-se tensa ou arredondada. A pele no local adquire uma aparência fina e brilhante, com as veias do couro cabeludo inchadas.

Com o passar do tempo, os sintomas e os sinais do aumento da pressão intracraniana geralmente passam por uma mudança. Isso acontece porque as estruturas do crânio do bebê começam a fechar, enquanto que na criança mais velha se torna completamente fechada.

Entre os sintomas da hidrocefalia em bebês encontram-se:

  • Cabeça maior que o normal;
  • Moleira na parte superior da cabeça;
  • Vômitos;
  • Apatia;
  • Irritabilidade;
  • Sonolência;
  • Falta de apetite;
  • Convulsões;
  • Olhar fixo para baixo;
  • Pouca força muscular.

Hidrocefalia tem cura?

A hidrocefalia não tem uma cura definitiva. Porém, ela pode ser tratada e controlada por meio de cirurgias que buscam drenar o líquido e assim minimizar a pressão no cérebro.

Como o líquido pode se acumular de novo no cérebro, muitas vezes é necessário recorrer outras vezes aos procedimentos. Essas cirurgias são geralmente orientadas por um neurologista e devem ser feitas o mais rápido possível.

hidrocefalia tem cura
(Foto: Hydrocephalus Association)

Fazendo o tratamento de acordo com a indicação médica, o paciente com hidrocefalia em nível menos grave pode apresentar menores complicações de saúde. Além disso, também pode acontecer de o paciente sequer apresentar algum tipo de complicação.

Para que seja possível prevenir danos cerebrais, ele deve consultar regularmente o neurologista.

Tratamento para hidrocefalia

O tratamento para hidrocefalia tem como objetivo principal corrigir o fluxo de líquido cefalorraquidiano, ajudando a prevenir e reduzir a ocorrência de danos cerebrais na criança.

Entre as opções para essa correção está a realização de uma cirurgia para a implantação de uma válvula.

Confira a seguir mais a respeito desse procedimento padrão e outras formas de tratamento:

Válvulas

Entre as possibilidades mais comuns de tratamento está a colocação de um tubo flexível (conhecido como shunt), que será responsável por redirecionar o fluxo do líquido. Desse modo, o líquido será enviado para a região da barriga e outras partes do corpo, onde será absorvido.

Esse tratamento faz com que os ventrículos do cérebro que estavam aumentados voltem ao normal, ajudando a trazer alívio para os sintomas da hidrocefalia.

As válvulas, feitas de silicone e plástico, são inseridas dentro do corpo, não sendo visível externamente.

Terceiro-ventriculostomia endoscópica

Esse procedimento (também conhecido por ETV) tem como função aliviar a pressão causada pelo acúmulo do líquido no cérebro. Ele é feito por meio de uma pequena perfuração na parede do terceiro ventrículo, permitindo que o líquido cefalorraquidiano seja desviado e escoe para outro lugar normal do corpo.

Tratamento intra-útero

Atualmente existem tratamentos mais avançados para a hidrocefalia. Ela pode ser descoberta ainda no ventre por meio de um ultrassom a partir de 16 semanas de gravidez.

Com 24 semanas de gravidez é possível realizar uma cirurgia no feto dentro da barriga da mãe. Esse tipo de procedimento é realizado apenas nos casos onde a doença não seja causada por doenças infecciosas ou alterações cromossômicas.

Na cirurgia são realizadas punções no ventrículo do bebê para que seja removido o excesso de líquido do cérebro. Também é possível instalar um cateter para que o fluído seja desviado para o líquido amniótico.

Conforme o bebê cresce no ventre, o cateter é removido e substituído por um sistema de derivação.

Fisioterapia neuropediátrica

Esse tratamento está entre os mais recentes, onde é feita a reabilitação das crianças que foram afetadas pela hidrocefalia.

tratamento para hidrocefalia
(Foto: Razões para Acreditar)

A fisioterapia tem como função fazer com que o paciente adquira controle sobre a cabeça, tronco e os seus membros superiores. Isso ajuda a evitar que complicações aconteçam, como problemas no sistema respiratório.

Conforme o bebê cresce, pode ser indicado o acompanhamento com um psicólogo e de um professor de educação especial para identificar as dificuldades de aprendizado da criança.

Medicamentos

Outros tipos de tratamentos também podem ser indicados, como o uso de antibióticos caso ocorra uma infecção e a cauterização ou remoção das regiões cerebrais onde é produzido o líquido cefalorraquidiano.

Além do tratamento, o paciente ainda deverá fazer um acompanhamento e realizar check-ups regulares. Isso é necessário para que seja verificado se a criança está se desenvolvendo de forma correta e se há a existência de algum tipo de problema adicional, como problemas neurológicos, intelectuais ou físicos.

Complicações do tratamento

Apesar de a cirurgia para o tratamento da hidrocefalia ser considerada bastante segura, há casos raros onde pode ocorrer um mal funcionamento da válvula ou então uma obstrução do tubo que deveria drenar o líquido para outra região do corpo.

No caso de isso acontecer, o mais comum é que outra cirurgia seja necessária para que o sistema seja trocado, como por exemplo, ajustando a pressão da válvula para que seja corrigida a obstrução.

Sequelas em bebês

A hidrocefalia pode resultar em sequelas em bebês, como é mostrado a seguir:

  • Falta de equilíbrio e coordenação;
  • Mudança de personalidade;
  • Dificuldade de aprendizado;
  • Problema no desenvolvimento mental;
  • Dificuldade para acordar ou se manter acordado;
  • Atraso ou problema para aprender a andar ou falar.

Se não for feito o tratamento adequado da doença, é possível que a hidrocefalia deixe sequelas nos bebês, como atraso no desenvolvimento mental e físico, além de paralisia e até mesmo levar à morte em alguns casos mais graves.

Também existe a possibilidade de que, sem o tratamento, a doença possa levar a problemas oculares. Isso é causado devido ao aumento da pressão intracraniana, que acaba afetando os nervos óticos e causando um edema de papila ótica. Como consequência, pode levar à cegueira.

sequelas da hidrocefalia
(Foto: mtmtv.info)

Apesar de não existir uma maneira de prevenir a hidrocefalia, há alguns cuidados que podem reduzir os riscos. Para isso, é importante que a mulher grávida faça o pré-natal periodicamente e se proteja contra doenças infecciosas, não deixando de ser vacinada.

Mas é importante ressaltar que, bebês com hidrocefalia são beneficiados com terapias, que são feitas por equipes multidisciplinares compostas por médicos e especialistas de educação e reabilitação. Dessa forma, a criança poderá se desenvolver da melhor maneira possível de acordo com suas capacidades.

Referências

minhavida.com.br/saude/temas/hidrocefalia

medtronic.com/br-pt/your-health/conditions/hydrocephalus.html

infoescola.com/doencas/hidrocefalia

tuasaude.com/hidrocefalia

minutosaudavel.com.br/o-que-e-hidrocefalia-de-bebes-idosos-tratamento-tem-cura

resumoescolar.com.br/biologia/hidrocefalia-causas-sintomas-e-tratamentos

saudedica.com.br/hidrocefalia-o-que-e-sintomas-e-tratamentos

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