Diabetes Gestacional: sintomas, valores, riscos

A diabetes gestacional consiste em um aumento do nível de açúcar no sangue que é diagnosticado pela primeira vez na gravidez.

Esse problema afeta cerca de 7% das gestantes e pode resultar em complicações para a saúde da mãe e do bebê, sendo por isso fundamental a sua prevenção e tratamento.

Por se tratar de um problema silencioso, é muito importante que a gestante realize os exames necessários durante o pré-natal para o diagnóstico.

Por isso, preparamos esse guia para que você possa esclarecer as dúvidas sobre essa doença e entender como ela pode ser prevenida.

O que é diabetes gestacional?

Diabetes gestacional trata-se de uma condição caracterizada pela hiperglicemia (aumento dos níveis de glicose no sangue) durante a gravidez.

Em geral, essa doença ocorre apenas no período da gravidez, por volta dos 6 meses, curando-se por conta própria pouco tempo após o nascimento do bebê.

Ela atinge mulheres que não tinham diabetes antes da gestação e aumenta o risco de ter diabetes do tipo 2 cerca de 10 a 20 anos depois da gravidez.

valores de referencia
(Foto: myDr)

A diabetes gestacional pode trazer prejuízos para a saúde da mulher e também do bebê. A saúde do bebê pode ser prejudicada porque ele acaba recebendo uma quantidade maior de glicose através da placenta.

Como resultado, há o risco de haver dificuldades no momento do parto, além da chance da criança vir a desenvolver obesidade e ter diabetes futuramente serem maiores.

Por esse motivo, para evitar complicações na gravidez, a gestante que é diagnosticada com diabetes gestacional deve ter o seu nível glicêmico acompanhado em testes feitos frequentemente.

Valores de referência

Durante o pré-natal, é fundamental fazer os exames para saber se está com diabetes gestacional e conhecer os valores para o diagnóstico.

No caso do exame de curva glicêmica, que é o principal para identificar a doença, ele tem como finalidade medir a velocidade com que a glicose é absorvida pelo corpo após a ingestão.

A gestante ingere 75g de glicose em jejum para que a quantidade da substância seja medida no sangue. Quando uma das dosagens de glicemia apresenta um valor que seja acima de 200 mg/dl, a paciente então é diagnosticada com diabetes gestacional.

As medições dão feitas depois de 1 hora a 2 horas da ingestão, sendo os valores de referência os seguintes:

  • Em jejum: abaixo de 92mg/dl;
  • Após 1 hora: abaixo de 180mg/dl;
  • Após 2 horas: abaixo de 153 mg/dl.

Já o exame de glicemia de jejum é realizado para que seja possível confirmar os resultados obtidos no exame da curva glicêmica, além de servir para que o nível de açúcar no sangue seja observado no decorrer do dia ou depois de se alimentar. A medição é feita imediatamente após a ingestão da glicose.

Os valores de referência são entre 65 e 92 mg/dL, sendo os resultados considerados anormais:

  • Entre 92 mg/dL e 100 mg/dL: esse resultado indica que está próximo do limite, sendo por isso necessário que o exame seja repetido numa próxima solicitação de exames;
  • Acima de 100 mg/dL: considera-se uma suspeita de diabetes, o que também torna necessário repetir o exame posteriormente.

Depois que o bebê nasce, os testes devem ser feitos novamente após cerca de um mês e meio. Dessa forma, é possível identificar se a diabetes era gestacional ou se não se trata de uma condição que a mulher já apresentava antes de engravidar.

Causas da diabetes gestacional

A diabetes gestacional ocorre devido às mudanças hormonais que a gestante passa durante a gravidez. Isso prejudica a atuação da insulina nas células, fazendo aumentar o nível de açúcar na corrente sanguínea.

Durante o desenvolvimento embrionário, o organismo da mulher produz mais insulina, que tem como função levar a glicose dos alimentos para as células do corpo.

Porém, conforme o bebê se desenvolve, esse processo sofre a interferência de hormônios que são produzidos na placenta, fazendo com que o pâncreas (glândula que fabrica a insulina) fique sobrecarregado para que os níveis de glicose se mantenham equilibrados.

causas da diabetes gestacional
(Foto: LifeShape Clinic)

A insulina tem o papel de reduzir a glicemia, permitindo que o açúcar presente no sangue penetre nas células, sendo então usado como fonte de energia pelo organismo.

O problema em controlar a quantidade de açúcar que vai para o sangue ocorre porque o organismo da gestante precisa produzir insulina para ela e para o bebê. Dessa forma, o pâncreas não consegue produzir a quantidade suficiente de insulina, o que faz com que a glicose que não entra nas células se acumule na corrente sanguínea.

Sintomas

Assim como acontece com a diabetes, na maioria das vezes a diabetes gestacional não apresenta nenhum tipo de sintoma. Porém, às vezes pode provocar reações, mas como esses sintomas são semelhantes às sensações que são comuns à gravidez, muitas vezes a gestante pode apresentá-los e não se tratar de diabetes.

Os sintomas dificilmente serão percebidos, a não ser que as taxas de açúcar na corrente sanguínea estejam muito elevadas.

Isso faz com que seja importante realizar os exames pré-natais necessários para descobrir se o nível de açúcar no sangue está ou não elevado.

Os sintomas que mais podem indicar diabetes gestacional são:

  • Sede constate;
  • Aumento da fome;
  • Vontade de urinar com frequência;
  • Pernas e pés inchados;
  • Aumento de peso da mãe e do bebê em excesso;
  • Infecções urinárias frequentes;
  • Candidíase;
  • Visão turva;
  • Cansaço.

Também é importante ressaltar que esses sintomas podem estar relacionados a outras complicações da gestação, como é o caso da pré-eclâmpsia.

Exames e diagnóstico 

Durante a gestação, o médico vai solicitar exames que verificam a taxa de colesterol, triglicérides e glicemia de jejum. Se alguma alteração for verificada nesses testes, poderá ser levantada a suspeita de diabetes gestacional.

Quando a gravidez chega por volta da 24ª a 28ª semanas, geralmente começa a acontecer a resistência à insulina. Dessa forma, é solicitado o exame oral de curva glicêmica, também conhecido como teste de tolerância à glicose.

sintomas
(Foto: yousense)

O teste é feito com o uso de uma solução açucarada, que é ingerida pela gestante. Em seguida, as amostras de sangue são colhidas de hora em hora.

No caso da paciente já ter apresentado diabetes gestacional antes ou se tiver tendência a desenvolver esse problema, os exames podem ser feitos antes da gravidez chegar a 13ª semana.

Se a doença é identificada, será verificada a pressão arterial da gestante em todas as consultas. Além disso, outros testes precisarão ser feitos durante a gravidez para observar como anda a saúde da mãe e do bebê. Entre os testes estão:

  • Hemoglobina glicada;
  • Ultrassom do feto;
  • Monitoramento cardíaco do bebê;
  • Testes de açúcar no sangue regularmente.

Após o nascimento do bebê, novos testes serão feitos para avaliar o nível de açúcar da mãe. Essa verificação é realizada diversas vezes ao dia e nas semanas seguintes ao parto.

Fatores de risco da diabetes gestacional

Embora esse problema possa afetar qualquer mulher, algumas gestantes apresentam um risco maior.

Conheça a seguir os fatores de riscos para o desenvolvimento da diabetes gestacional:

  • Histórico familiar de diabetes;
  • Idade acima de 25 anos;
  • Diabetes gestacional anterior;
  • Pressão alta;
  • Colesterol alto;
  • Triglicérides elevado;
  • Gravidez de gêmeos;
  • Aumento do líquido amniótico;
  • Gravidez anterior com bebê nascido com peso superior a 4 kg;
  • Aumento de peso em excesso antes ou durante a gravidez;
  • Síndrome dos ovários policísticos;
  • Raça negra, asiática, indígena ou hispânica.

Prevenção

Nem sempre é possível prevenir a diabetes gestacional, mas a adoção de hábitos saudáveis pode contribuir para minimizar as chances de vir a ter esse problema, especialmente no caso de gestantes que se encontram no grupo de risco.

Veja como prevenir:

  • Procurar manter ou chegar ao peso ideal antes de engravidar;
  • Consumir frutas, legumes e grãos integrais, preferindo alimentos que sejam ricos em fibras e pobres em calorias e gordura;
  • Praticar atividades físicas antes e durante a gestação por pelo menos 30 minutos e 3 vezes na semana.

O que comer?

Para que seja possível manter os níveis de glicose no sangue controlados, é fundamental manter uma alimentação balanceada. Isso permite evitar o ganho de peso, que é um dos fatores que levam ao distúrbio.

Entre os alimentos que são recomendados durante a gravidez estão os vegetais crus, como as saladas. Isso reduz a entrada e saída de açúcar na corrente sanguínea, contribuindo para que o nível glicêmico se mantenha equilibrado.

riscos da diabetes gestacional
(Foto: O Blog da BCBSNC)

As frutas secas também são recomendadas, sendo o ideal consumi-las com a casca e bagaço, além de não serem muito doces.

A gestante também deve ingerir cereais ricos em fibra (sem adição de açúcar), além de legumes, verduras, carnes magras, iogurtes e leite desnatados.

Riscos para a gestante e para o bebê

Quando a diabetes gestacional é monitorada e os níveis glicêmicos são controlados, o mais certo é que o bebê nasça saudável. Porém, se não são tomados os cuidados necessários, fazendo com que os níveis de açúcar na corrente sanguínea não se mantenham equilibrados, há a possibilidade de que tanto a mãe quanto o bebê apresentem problemas.

Em relação ao bebê, as complicações possíveis por conta de não realizar o tratamento adequado são:

  • Parto prematuro;
  • Nascer com peso em excesso;
  • Icterícia;
  • Hipoglicemia em seguida ao nascimento;
  • Hipertrofia (aumento) do coração, resultando em doenças cardíacas e de circulação;
  • Hipertrofia do fígado;
  • Síndrome do desconforto respiratório;
  • Diabetes tipo 2 no futuro;
  • Morte do bebê antes ou logo em seguida ao nascimento.

Já a gestante pode apresentar os seguintes problemas:

  • Diabetes no futuro;
  • Aumento da pressão arterial;
  • Pré-eclâmpsia;
  • Feto que não vira na posição de cabeça para baixo antes do parto;
  • Infecções genitais por conta de alterações no pH da vagina.

Tratamento para diabetes gestacional

Quando há o diagnóstico de diabetes gestacional, é fundamental seguir as indicações do médico para que o tratamento impeça que aconteça complicações que afetem o feto em desenvolvimento.

O tratamento é simples, tendo como base a prática de atividades físicas moderadas e a mudança na dieta. Dessa forma, a glicose poderá ser mantida em um nível normal. Confira mais detalhes a seguir:

Atividades físicas

Os exercícios ajudam a diminuir o nível de açúcar no sangue, além de aumentar a sensibilidade das células à insulina.

Eles devem ser praticados com a orientação de um profissional para não prejudicar o bebê. No caso do surgimento de dores abdominais ou perda de sangue durante ou após os exercícios, o ginecologista deve ser informado imediatamente.

Dieta saudável

O tratamento mais indicado é feito por meio de uma dieta pobre em carboidratos e a ingestão de alimentos saudáveis, como frutas, legumes e grãos integrais.

dieta
(Foto: rdlounge)

Não é aconselhado a perda de peso durante a gestação, já que o corpo está se esforçando para o desenvolvimento do bebê.

Medicamentos

Quando acontece de ser um caso mais grave, onde nem os exercícios e alimentação ajudam a estabilizar a glicose, alguns médicos optam por prescrevem um medicamento hipoglicemiante, como é o caso da Metformina, para fazer o controle.

Lembrando que nenhum tipo de medicamento deve ser ingerido sem a orientação de um médico.

Monitorar o açúcar no sangue e o bebê

O açúcar no sangue da gestante deve ser verificado entre 4 a 5 vezes por dia, no período da manhã em jejum e após as refeições.

O crescimento e desenvolvimento do bebê também será monitorado por meio de testes e ultrassons.

Dieta

A dieta para a gestante que sofre com diabetes gestacional é feita com o consumo de alimentos que apresentam um baixo índice glicêmico. Isso significa que ela deve reduzir o açúcar, evitando alimentos como:

  • Doces (sejam eles caseiros ou industrializados);
  • Alimentos com gordura hidrogenada (como biscoitos e bolachas);
  • Carnes gordurosas;
  • Leite e iogurte integral;
  • Refrigerantes;
  • Frituras;
  • Chocolate;
  • Manteiga.

É importante lembrar que o uso de adoçantes sintéticos não é recomendado, já que alguns não são indicados durante a gravidez.

Além disso, o ideal é buscar um nutricionista ou um nutrólogo que tenha experiência em elaborar uma dieta específica para gestantes.

diabetes gestacional
(Foto: EyeEm)

Dessa forma, ele poderá indicar uma dieta que apresente os nutrientes que são necessários para manter a saúde da mãe e do bebê.

Em geral, a diabetes gestacional causa muita preocupação para a gestante. Porém, é preciso ter em mente que, ao seguir o tratamento de acordo com a orientação médica, é possível ter uma gravidez normal e um parto sem nenhum tipo de problema.

Referências

saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-diabetes-gestacional-sintomas-diagnostico-e-tratamento

danonebaby.com.br/saude/diabetes-gestacional-sintomas-como-tratar-e-riscos-para-o-bebe

minutosaudavel.com.br/diabetes-gestacional-o-que-e-sintomas-tratamento-dieta-e-riscos

minhavida.com.br/saude/temas/diabetes-gestacional

tuasaude.com/diabetes-gestacional

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