Prostaglandinas: o que são, tipos e sua função durante a gravidez

Apesar de ter um nome um pouco complicado, as prostaglandinas são substâncias encontradas em várias partes do nosso organismo, onde desempenham diversas funções.

Uma dessas ações está relacionada à gravidez, já que essas substâncias são importantes para o momento do parto, fazendo com que o útero se contraia e provoque a expulsão do bebê.

Além disso, as prostaglandinas são usadas na medicina até mesmo para o tratamento de algumas doenças. Elas apresentam tipos variados e cada um deles é responsável por uma função, de acordo com o lugar em que se encontra.

Confira neste artigo onde elas são produzidas, quais são as suas funções que desempenham no nosso organismo e como a prostaglandinas é fundamental na gravidez.

Prostaglandinas

O que são prostaglandinas?

As prostaglandinas consistem em um conjunto de substâncias lipídicas que se assemelham aos hormônios. Porém, ao contrário dos hormônios, elas não entram na corrente sanguínea, mas agem apenas na própria célula que a produz e também nas células que se encontram ao seu redor.

Ela é sintetizada a partir de ácidos graxos que se localizam na membrana celular. As prostaglandinas são produzidas em praticamente todas as células, em geral onde há algum dano nos tecidos ou uma infecção, isso porque sua função inclui ajudar a lidar com as lesões e doenças.

O nível de prostaglandina no corpo apresenta uma importante influência em muitas atividades do organismo. Elas atuam em diferentes atividades biológicas das células e estão presentes em diversos tecidos e fluidos do organismo, inclusive em alguns que são fundamentais na reprodução humana, como o útero e o sêmen.

Em relação ao campo obstétrico, o uso das prostaglandinas como fármaco é feito de forma a induzir ou provocar o parto, quando há a necessidade. Entre as suas funções está a capacidade de favorecer tanto a maturação do útero como dar início às contrações responsáveis pelo início do parto.

As prostaglandinas são substâncias que contém carbono, sendo que alguns deles se encontram em forma de anel. As diferentes ligações e variações de átomos na composição dessas moléculas são responsáveis por dar origem a cinco tipos diferentes de prostaglandinas.

O nome prostaglandina tem origem na palavra próstata (prosta – próstata, glandina – glândula), isso porque foi verificada pela primeira vez no sêmen humano. Mais tarde, porém, outros estudos identificaram a sua presença em pequenas quantidades em diversas áreas do copo.

Apesar de essas substâncias não participarem das funções estruturais, atuam em diferentes processos fisiológicos, garantindo a comunicação entre as células, além de agirem de forma diferente em cada tecido do corpo.

Entre os processos controlados pelas prostaglandinas, além da inflamação, está a formação de coágulos sanguíneos e fluxo do sangue. Podem ser utilizadas para fazer o tratamento de úlceras do estômago, glaucoma e doenças cardíacas congênitas em recém-nascidos.

Função

As prostaglandinas têm participação em diversas ações no nosso corpo, e podem ser geradas em quase todos os tecidos do organismo, de acordo com a necessidade. Elas agem nas ações metabólicas, processos fisiológicos e também patológicos.

O papel dessas substâncias varia dependendo da célula em que atua, além de apresentar uma vida bem curta. O motivo é porque, quando seu uso não é feito no local em que é produzida, ela é removida rapidamente da circulação sanguínea, o que ocorre entre um a três minutos.

molecula de prostaglandina

Os efeitos biológicos resultantes da ação das prostaglandinas envolvem diversas funções naturais nas atividades do corpo, entre elas:

  • Função reprodutiva
  • Contração da musculatura lisa (como a uterina)
  • Controle da pressão sanguínea
  • Intervém na regulação da temperatura corporal
  • Processos inflamatórios
  • Fluxo sanguíneo
  • Função renal
  • Atividade neural
  • Formação de trombos
  • Regulação do sistema imunitário
  • Regeneração celular
  • Defesa do estômago contra ácido gástrico
  • Desprendimento do endométrio

Além dessas atividades associadas as prostaglandinas, algumas doenças podem ser identificadas devido à presença dessas substâncias no nosso organismo.

Essas substâncias também são produzidas nos neurônios e desempenham papel nos mecanismos relacionados ao sono e ao despertar. Isso sem falar que pesquisas recentes buscam informações a respeito da sua participação em processos de algumas doenças, como o Alzheimer e a esclerose múltipla.

Tipos 

Há diferentes tipos de prostaglandinas que são produzidas pelo nosso corpo. As ações desses tipos distintos entre si também são diferentes e, em alguns casos, opostas. Ainda não é entendido totalmente pelos pesquisadores como são formadas essas substâncias nos tecidos.

Os tipos de prostaglandinas encontrados no organismo são:

Prostaglandina I2 ou prostaciclina

Esse tipo de substância é responsável pelas seguintes funções:

  • Vasodilatação
  • Inibe a agregação de plaquetas
  • Dilatação dos brônquios

Prostaglandina E2 ou dinoprostona 

O efeito desse tipo apresenta variação de acordo com o receptor. A seguir são apresentados os tipos de receptores e as suas ações no corpo:

Receptor de prostaglandina E1

  • Contração dos brônquios
  • Contração do músculo liso gastrointestinal

Receptor de prostaglandina E2

  • Dilatação dos brônquios
  • Relaxa o músculo liso gastrointestinal
  • Inibição enzimática
  • Vasodilatação

Receptor de prostaglandina E3

  • Reduz secreção de ácidogástrico
  • Amplia a secreção do muco no estômago
  • Contração uterina na gestação
  • Contração do músculo liso
  • Inibe a quebra de gordura (lipólise)

Inespecífico

  • Dor
  • Febre

Prostaglandina F2alfa

O último tipo é a f2alfa, que é responsável por:

  • Contração uterina para induzir o parto
  • Dilatação dos brônquios

Como age a prostaglandina?

Como já foi mostrado anteriormente neste texto, a prostaglandina pode exercer diferentes funções em nosso corpo, o que vai depender do tipo e também do local em que está atuando em nosso organismo.

As prostaglandinas promovem um aumento na permeabilidade capilar, além de atrair células que são responsáveis por destruir restos de células que resultam de processos inflamatórios, processo que é conhecido como fagocitose.

Os responsáveis por sua produção e liberação no organismo são o estrógeno, que estimula a sua síntese, e a progesterona, que causa a inibição da liberação das prostaglandinas.

Um exemplo sobre a sua importância é que essa substância tem uma função reprodutiva fundamental. Parte da prostaglandina produzida no útero é liberada por meio de pulsos e se encaminha até os pulmões, onde acaba sendo degradada.  Já a outra parte é transportada para o ovário pela veia uterina, transferindo o agente luteolítico para a artéria do ovário.

Prostaglandinas e gravidez

Muitos estudos são realizados para que seja possível compreender a ação dessa substância no que se refere em relação à função reprodutiva. Na gravidez, o que regula a produção e a liberação das prostaglandinas no endométrio da mulher (mucosa que recobre o interior do útero) são os hormônios estrógeno e progesterona.

No caso de o óvulo não ser fertilizado, ocorre a ativação de receptores desenvolvidos no endométrio, o que é causado por ação da progesterona. Quando há a fertilização do óvulo, resultando em uma gravidez, a quantidade elevada de estrógeno faz com que aconteça uma concentração de prostaglandina. Como consequência do aumento dessa substância, ocorre a contração do endométrio, o que leva o feto a ser expulso.

prostaglandina na gravidez

As prostaglandinas agem na maturação cervical, o que significa que ajudam a relaxar as fibras musculares lisas que estão localizadas no colo uterino.  Dessa forma, essa estrutura, que se encontra rígida, torna-se então dilatada e suave, o que possibilita a passagem do bebê pelo canal do parto.

Em uma gravidez normal, as prostaglandinas são sintetizadas nas membranas fetais, placenta e miométrio. A quantidade produzida varia de acordo com a fase em que a gravidez se encontra. No primeiro semestre da gestação, a produção dessas substâncias é mais baixa e, na fase final da gravidez, o nível é mais alto.

Dessa forma, a indução do parto é mais fácil no terceiro semestre e, após 41 semanas de gestação, a maioria dos hospitais recorre à indução, o que evita que o tempo de gravidez seja maior do que o recomendado.

Quando o tempo de gestação alcança 42 semanas, a placenta começa a envelhecer, fazendo com que não seja capaz de suprir todas as necessidades do bebê, pois os nutrientes e oxigênio começam a ficar escassos.

Antes de tudo, para induzir o parto é feita a aplicação de um gel à base de prostaglandinas, o que faz com que o útero se contraia e o parto seja possibilitado. Além do uso do gel, outras substâncias também podem ser usadas para ajudar a acelerar o processo de dilatação, como a oxitocina.

Além de induzir o parto, essas substâncias apresentam diferentes utilidades na medicina, como provocar a expulsão do feto quando ocorre a morte fetal e também quando a mulher sofre um aborto.

O sêmen contém uma pequena quantidade de prostaglandinas, o que é importante para a fecundação. Após a relação, essas substâncias levam o útero a se contrair, fazendo com que os espermatozoides possam se encaminhar mais facilmente em direção às trompas uterinas e ocorra a gravidez.

Por esse motivo, quando o tempo de gestação está avançado, ter relação é recomendado, pois isso pode ajudar a aumentar as contrações uterinas devido à presença de prostaglandinas no sêmen, o que contribui para acelerar o processo e levar ao trabalho de parto.

Prostaglandinas e sua ação na inflamação

Quando há uma resposta inflamatória do organismo, a quantidade de prostaglandinas aumenta. A irritação está ligada aos fenômenos vasculares, já que age diretamente na parede vascular, o que causa alterações na região que foi afetada.

Alguns anti-inflamatórios, como é o caso da aspirina, agem de forma a inibir a enzima que sintetiza a prostaglandina. Isso faz com que seja possível minimizar a irritação causada pela inflamação.

Estudos mostraram que a síntese de um tipo de prostaglandina estimula processos os inflamatórios e a progressão de tumores. Por essa razão, a ação de anti-inflamatórios, como no caso da aspirina, reduziria os riscos de desenvolver o câncer de mama, de colo de útero e de próstata. Porém, apesar de ser aceito por diversos especialistas, esses estudos ainda não são conclusivos.

Menstruação

colicas menstruais

Como essa substância leva o útero a se contrair, a prostaglandina também é responsável por causar a cólica durante o período menstrual. Por essa razão, umas das formas de evitar que esse incômodo ocorra é com o uso de inibidores, que evitam a liberação de prostaglandinas.

Além disso, é importante a prática de atividades físicas e manter uma alimentação balanceada, o que contribui para minimizar os sintomas. Já em relação aos medicamentos feitos à base de prostaglandinas, é importante que o seu uso não seja feito sem que seja indicado pelo médico.

Referências

https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/prostaglandinas/

emforma.net/artigo/prostaglandina

https://www.omeubebe.com/parto/momento-parto/prostaglandinas

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA-7MAJ/mediadores-quimicos-prostaglandina-histamina

https://www.vix.com/pt/bdm/saude/prostaglandina-pode-te-fazer-sentir-dor-todos-os-meses-entenda-o-que-ela-e

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