O terror noturno geralmente deixa as pessoas ao redor angustiadas ou apavoradas com o que presenciam, principalmente quando se trata dos pais da criança. Porém, esse distúrbio do sono é praticamente inofensivo e não resulta em complicações.
Apesar de ocorrer com maior frequência em crianças, também pode afetar adultos e vir acompanhado de sonambulismo e solilóquios (quando a pessoa fala durante o sono). Entenda quais são as causas mais aceitas para esse caso, os principais sintomas e o que pode ser feito pelos pais quando o filho sofre com ataques.
O que é terror noturno?
O terror noturno constitui em uma atividade anormal do sono. Trata-se de uma manifestação conhecida como parassonia e é mais frequente em crianças entre 2 e 5 anos de idade. Durante a fase pré-escolar esse distúrbio afeta quase a metade da população infantil.
O terror noturno acontece durante a fase do sono conhecida como REM (Rapid Eye Movement – movimento rápido dos olhos), quando a atividade cerebral é mais rápida.
A duração de um ataque de terror noturno pode durar apenas alguns segundos ou chegar a cindo minutos, levando a criança a abrir os olhos, ficar sentada na cama, gritar, chorar de forma incontrolável, etc. Ao despertar no dia seguinte, não se recorda de nada do que houve.
Do mesmo modo que o sonambulismo, o terror noturno tende a sumir conforme a criança vai crescendo. Durante os episódios, não há o que fazer para minimizar a situação, que acaba por conta própria. Porém, é importante ter alguns cuidados para evitar que a criança acabe se machucando.
Causas
Em relação ao terror noturno nas crianças, apesar de ainda não existir uma comprovação científica a respeito, o mais aceito é que a causa esteja associada ao Sistema Nervoso Central (SNC), que ainda se encontra em desenvolvimento. Isso leva a um estímulo cerebral exagerado durante o sono da criança.
Dessa forma, especialistas acreditam que, como o cérebro ainda não se encontra maduro o suficiente, ainda não é capaz de fazer de forma correta a transição do sono para o despertar. Isso leva a criança a ficar algum tempo entre o estágio do sono e da vigília, o que é conhecido como “limbo”.
Já no caso de adultos, os pesquisadores acreditam que pode ter relação com problemas no SNC. Além disso, fatores como depressão e ansiedade são observados como desencadeadores na maioria dos casos que se manifestam em adultos.
Embora ainda não se saiba ao certo quais são as causas que resultam no terror noturno, pesquisadores associam alguns fatores ao aparecimento de ataques, entre eles:
- Estresse
- Privação de sono
- Febre (no caso de crianças)
- Uso de alguns medicamentos
- Enxaqueca
- Hipotireoidismo
- Apneia do sono
Sintomas
Os sintomas para identificar o terror noturno são fáceis de notar, sendo que, muitas vezes, pode fazer com que os pais acabem se desesperando quando o filho passa por um episódio desses.
Porém, é importante lembrar que esse transtorno não traz nenhum tipo de dano para o desenvolvimento da criança. Esses sintomas incluem:
- Gemer e se contorcer na cama
- Chorar incontrolavelmente
- Despertar de repente gritando
- Respirar de forma ofegante
- Manter olhos bem abertos
- Sentar-se na cama
- Expressão de medo no rosto
- Comportamento agressivo
- Batimento cardíaco acelerado
- Correr ou caminhar ao na casa
- Ficar agressivo (mais recorrente em adultos)
Ao passar por um episódio de terror noturno, a criança não responde à tentativa de outras pessoas em acordá-la ou controlar seus impulsos, o que não é culpa dela. Isso ocorre na tentativa de se defender de situações de riscos imaginárias, o que é causado pelo transtorno.
Além disso, há relatos de casos onde a pessoa afirma ter presenciado visão de animais e seres extraordinários durante o terror noturno, o que não é motivo para se alarmar, já que se trata apenas de um dos sintomas.
Diagnóstico
Em geral, o diagnóstico é feito com base nas descrições dos sintomas. Quando existe a suspeita de que a criança sofre de terror noturno, o médico também pode fazer um exame para que seja possível identificar as causas que podem levar a esses episódios.
Nos casos onde o diagnóstico é mais difícil, o médico ainda poderá solicitar outros exames, como a no caso da polissonografia (também chamada de “exame do sono”). Esse exame é feito colocando sensores sobre a pele do paciente antes de dormir. Os aparelhos são capazes de fazer o registro das ondas cerebrais durante a noite, verificando também a frequência respiratória e cardíaca, além do nível de oxigênio na corrente sanguínea.
Dessa forma, é possível realizar um diagnóstico mais preciso e ajudar a definir quais são as causas que podem estar desencadeando os ataques de terror noturno.
Fatores de risco
Não é fácil estabelecer quais são os fatores de risco para a manifestação do terror noturno. Isso acontece justamente porque as causas ainda não são totalmente conhecidas.
Apesar disso, alguns fatores são considerados como suspeitos para que esses episódios ocorram, entre eles o fato de dormir em lugares não habituais (como ao fazer uma viagem), comer muito antes de dormir e ter histórico familiar de sonambulismo.
Apesar de menos comum, alguns problemas emocionais podem levar a apresentar episódios de terror noturno, como mudança de escola, chegada de um irmãozinho ou crises familiares.
O que fazer em caso de terror noturno?
A primeira coisa que é preciso saber é que não se deve tentar acordar a pessoa durante esses episódios, pois isso pode aumentar a intensidade dos ataques e torná-los mais frequentes. Por esse motivo, o recomendado é aguardar alguns minutos, até que a situação termine naturalmente.
Há casos onde as pessoas afetadas se levantam e começam a caminhar, por isso, é preciso tomar cuidado, retirando obstáculos do caminho e objetos que possam machucá-la. Além disso, portas e janelas devem ser trancadas e o acesso às escadas impedido para evitar qualquer acidente.
Terror noturno: em bebês, infantil, adultos e idosos
Bebês
Esse distúrbio do sono acontece em 5% das crianças, e pode ter início por volta dos 9 meses de idade. O bebê que passa por ataques de terror noturno chora de forma descontrolada e pode manter os olhos fechados durante o episódio, enquanto agita braços e pernas.
Infantil
Os ataques geralmente acontecem com maior frequência até 7 ou 8 anos de idade e é mais comum em meninos do que em meninas. Em adolescentes, a incidência é menor, e pode estar mais associado a sintomas de estresse e depressão.
Adultos e idosos
Apesar de acontecer com mais frequência em crianças, o terror noturno também pode se manifestar em adultos. Quando isso acontece, geralmente eles apresentam uma reação mais agressiva durante esses episódios e, às vezes, podem se lembrar de alguns trechos do ocorrido.
Em adultos e idosos, a ocorrência do terror noturno pode ser desencadeada devido ao consumo de álcool ou então quando passam por períodos de tensão emocional. Ao contrário das crianças, os ataques podem acontecer em qualquer fase do sono.
Como evitar o terror noturno
Não há como evitar a ocorrência do terror noturno. Porém, algumas medidas podem ser tomadas para reduzir os casos, como evitar que a criança passe por momentos de muito estresse e tranquiliza-la quando passar por mudanças que possam levá-la a ficar estressada.
Outra atitude a ser tomada e se certificar de que a criança descanse por tempo suficiente, criando uma rotina relaxante antes de deitar. Estabelecer horários para dormir e acordar é importante, pois os ataques podem ser mais comuns em crianças que dormem muito tarde.
Manter uma alimentação saudável também é um ponto positivo para ajudar a evitar as ocorrências de terror noturno.
Complicações causadas
Em geral, os casos de terror noturno não apresentam nenhum tipo de complicação para o desenvolvimento da criança. Porém, o que pode acontecer é causar problemas relacionados com a privação do sono.
Isso ocorre porque a pessoa que apresenta esses ataques pode ter dificuldade em entrar no estágio de sono chamado REM, o que resulta em uma noite mal dormida. Como resultado, a pessoa desperta cansada, sem ter a sensação de repouso, o que pode desencadear as seguintes complicações:
- Ansiedade e estresse aumentados
- Mais irritabilidade
- Dificuldade para se concentrar em tarefas simples
Quando os casos de terror noturno seguem até a fase adulta, pode acarretar problemas como alterações metabólicas, baixa imunidade, problemas cardíacos e aumento de chance de desenvolver obesidade e diabetes.
Como os pais podem ajudar na hora do terror noturno?
É comum que os pais fiquem impressionados ao presenciar um ataque de terror noturno, sentindo-se agoniados por não poder auxiliar o filho. Porém, esse problema não é tão grave como aparenta e tende a acontecer com menor frequência conforme a criança cresce.
Como já foi citado anteriormente, não se deve tentar despertar a criança, para evitar que ela se assuste mais e que esses episódios venham se repitam com maior frequência. Não é indicado tentar acalmar a criança tentando forçar contato físico ou de maneira brusca, pois isso pode fazer com que o episódio leve mais tempo para passar.
O recomendado é não fazer nenhum tipo de intervenção e aguardar, por maior que seja o desejo de proteger a criança de alguma forma. Após alguns minutos, o ataque passa de modo natural.
Não é recomendado deixar a criança dormir junto aos pais, pois isso não vai ajudar em nada em relação ao problema e ainda pode fazer com que ela desenvolva uma insegurança em dormir sozinha.
Terror noturno tem cura?
Como não é conhecida exatamente a causa do terror noturno, não há como afirmar que exista uma cura. Porém, na maioria das vezes, essa situação tende a sumir conforme a criança cresce.
Em relação aos episódios em adultos, o problema pode se prolongar por mais tempo. Em caso de pessoas que apresentam casos isolados de terror noturno, esse distúrbio continua por toda a vida.
Tratamento
Na maioria dos casos, não há a necessidade de fazer um tratamento para o terror noturno. Porém, se existir a suspeita de que a causa esteja relacionada a estresse, refluxo, apneia do sono ou outras condições de saúde, o tratamento será feito de acordo com a causa relacionada.
Em caso de depressão e ansiedade, pode ser recomendado o uso de medicamentos benzodiazepínicos ou antidepressivos. Se a causa estiver relacionada ao estresse, algumas técnicas podem contribuir para a redução do sintoma, como a meditação, acupuntura e sessões de hipnose.
Não existe um medicamento que trate especificamente o terror noturno, mas sim os fatores que o provocam. Eles são indicados para os casos em que os ataques comprometam a vida diária dos pacientes. Esses medicamentos geralmente são receitados para adultos, sendo raras as vezes em que são prescritos para crianças.
Terror Noturno x homeopatia
O tratamento homeopático é um método seguro paras as crianças, sendo também usado para ajudar a melhorar os problemas de sono. O seu uso ajuda a promover uma noite com mais qualidade de sono e descanso, o que contribui para reduzir os ataques de terror noturno.
Porém, é sempre importante ressaltar que cada medicamento é feito especificamente para cada pessoa e não se deve oferecer ou ingerir sem a prescrição de um profissional, principalmente quando se trata de crianças.
Terror noturno é igual a um pesadelo?
O terror noturno não é o mesmo que o pesadelo, apesar de ambos apresentarem semelhanças. A maior diferença entre eles é que o terror noturno ocorre antes de a pessoa atingir a fase do sono denominada REM, enquanto que os pesadelos ocorrem durante essa fase.
No estágio do sono REM (que acontece diversas vezes enquanto dormimos), a atividade cerebral se assemelha à quando estamos acordados. Ele ocorre quando a pessoa já está dormindo por horas, sendo o momento em que temos os sonhos.
Os pesadelos são comuns e, na maioria dos casos, ocorre por conta de preocupações e momentos em que a pessoa passa por situações de estresse, não existindo a necessidade de tratamentos.
Quando a criança tem um pesadelo, geralmente se lembra dele ao acordar e pode ser facilmente despertada por outra pessoa. Já em relação ao terror noturno, sequer faz ideia do que houve durante o sono, além de ser incapaz de ser despertada por alguém durante o ataque.
Ao perceber que a criança apresenta sintomas relacionados ao terror noturno, é indicado consultar um médico para que ele passe toda a orientação e, se necessário, indique um tratamento para reduzir os episódios.
Referências
oficinadepsicologia.com/o-que-e-terror-noturno/
www.marisapsicologa.com.br/terror-noturno.html
minutosaudavel.com.br/terror-noturno/
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/terror-noturno
bebe.abril.com.br/familia/terror-noturno-entenda-o-que-leva-a-crianca-a-desenvolver-as-crises/